Quem sou eu

Brazil
O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós. "Clarice Lispector"

segunda-feira, 10 de março de 2014

Amor jogado ao leu, ao vento

Escuro dia,
Fica noite sem brilho,
Não vejo nada a minha frente,

Eclipse total!

Onde está o chão, para andar?
Fora levado com o furacão,
Provocado pelo seu severo não,

Corrói solidão!

O que me resta agora é só carne,
E que dor a flor da pele,
Tua voz ausente,
Onde está você tão docemente?

Derramo meu pranto,
De promessas esquecidas,
Na correnteza do mar profundo,
Vejo o rastro deixado ao leu.

O som da minha voz ecoa na colina fria,
Um grito alto em vão e ao vento,
Lamenta o fim dessa paixão,
Que me fere o peito,

Que pavor é esse,
Que é o de perder o grande amor!





quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Contos do dia a dia

Saudade dos versos e prosas,
Contados no dia a dia,
Saudade da alegria,
Que me trazia aquelas linhas 
Saudade do encontro com a criação,
Que há tanto tempo não me vê.
Alma, Arte, Poesia,
E tudo que envolve meu ser.

terça-feira, 19 de março de 2013

Hoje é comemorado o dia dos Pais em Portugal, deixo essa homenagem a todos os pais do mundo, que fazem e fizeram doce a infância de seus filhos.




quarta-feira, 6 de março de 2013

Chorando por Chorão


Quem controla o tempo,
Nem nos disse que hoje ia chover,
Melodia Chorão tocou tanto em meu ser,
Pois vejo pessoas morrendo por dentro.

E sabemos que a maior sabedoria,
É entender no fundo quem nós somos,
Para onde vamos,
Desatando tantos nós,
Assim, achando a gostosa paz.

E na moral,
Tem tanta gente que não aprende,
Que a nossa mente nos trai,
E ela nos mente constantemente,
Deixando de ser guerreiro por um vacilo pequeno.

O tempo é rei,
Tem poder de curar a quem quer se ajudar,
Grande mesmo é quem tem medo,
Mas corre atrás da coragem,
Pois é ela quem nos faz gigantes,
Pessoas simples como a gente.

Hoje nós choramos por Chorão,
Ele que fez tanto uso de belas palavras,
Mas tomou um caminho diferente,
E de repente, mudou sua sorte.

E nos deixa num silêncio,
Ouvindo dentro de nós aquela voz feroz,
A cantar nos "dias de luta,
Dias de glória",
Vindo dum "Céu azul"

E junto ao seu Santo Forte,
Fique em paz,
Atoa, numa preguiça boa,
Nosso Charlie Brown.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Frequência Urbana

Autora: Mônica Melo

Bate estaca nas construções, helicópteros e aviões, 
Sirenes de ambulâncias e camburões, 
Apitos, buzinas de carros e motos ressoam de um trânsito louco,
Propaga-se na atmosfera um som sem harmonia, 
Que paira sobre a vida urbana.

O ter ensurdece e emudece o ser, 
Os valores de outrora agora desvirtuados, 
É uma verdadeira violência pela sobrevivência,
Que reverbera nas paredes de concreto dos altos prédios,

Nosso ar sufocado, circula viciado sem ser renovado,
Os seres humanos cada vez mais neurotizados,
A fugir da realidade doentia, com os comprimidos da alegria.
Nas grandes cidades, até as imagens gritam
E ecoam sobre nosso corpo frágil seu poder dia a dia.

Com os fones nos ouvidos os jovens param de se comunicar,
Nem podem perceber o som das ondas do mar,
O pulsar do coração, a paz, a dor ou o amor.

Quem atinge a profunda frequência do inaudível
Consegue com a alma escutar,
"...Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente...
...Grita ao céu e a terra toda a natureza!"

É Bachianas brasileiras a tocar.



sábado, 1 de dezembro de 2012

Amor e Soneto

Autora: Mônica Melo

Sobre duas almas,
Uma partitura pode ser criada,
Na harmonia de gestos mágicos
Nosso amor dissimulado
Não vivido, não falado,
Algo Sonhado.

Um desejo e um arrepio desvairado,
Nossa paixão sempre temida,
Banida da sua realidade contida,
Amadurecida,
Amanhã a música perfeita,
Será, para nós, tocada.

Insano e impulsivo Id,
Grita um alto Sim aprisionado,
Traindo toda censura sofrida,
Pelo prazer solto e desgarrado.

Bendita cumplicidade,
Descansa nua,
A dormir no silencio do nosso nome,
Em sorriso do perfeito soneto,
Nós dois,
Em sol maior.








sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Baile da Despedida



Pedro e sua avó
Foi emoção pura, o que vi em seus olhos,
Uma mistura de saudade e tristeza.
E você pensava que seria tão festejada a chegada deste dia.
Pois seria o fim do Boletim,
Das unidades,
Das chamadas oral, das recuperações e finais,
Fim do fardamento completo,
Da pasta para assinar, de ter que levar a mãe para conversar,
Nada de tarefas, aulas de geografia ou biologia.

Quem diria que ao chegar esse dia,
O dia da última página do seu Livro Escola,
Veria em você um toque de nostalgia.

Não dá para simplesmente seguir em frente,
Pegar este belo livro escrito com a primeira parte de sua história,
E largá-lo numa estante qualquer para enfeitar,
Foram cerca 2920 páginas escritas,
De muitas contos, romances, dramas e aventuras,
Tudo isso no mesmo lugar,
O pátio da Santa Maria.

O que fazer agora?
O jeito é alargar essas horas,
Com festa todos os dias!
Baile a rigor, a after, a after da after,
Assim vocês resolveram emendar,
E comemorar, de leve, já que tem Roacutan para tomar.
Ver-se todas as horas,
Esticar essa história,
Pois ninguém nunca fez guerra,
Ou escravizou povo algum.

Mas sempre, grandes amizades, 
E muitos tratados selados com a galera,
De pelada, de festas e pegação,
Na moral "véi", tudo isso naquela escola, 
Cheia severas regras, de azulejos azuis,
Ponte, lago com peixes e hinário.
Vocês acompanharam lá a nova era,
A era da RosaAmélia,
Ela agora como diretora,
Após a Morte de Dodô, a fundadora.

Mas é chegada a hora,
Não a do Recreio ou a de largar quando tocar,
Nem a dos Jogos da amizade,
A hora que te falo agora, filho, é a do Adeus,
Do Adeus ao seu colégio,
Do Adeus aos anos que não voltarão mais,
E quando, um dia, você se ligar,
Terão passado, a jato, tanto tempo.
E quando você ouvir uma velha música tocar,
(“…now you’re just somebody that I used to know…”)
Vai recordar do ano do seu vestibular,
Ano da dobradinha dia doze, do mês doze e ano doze,
De um Enem na sala doze,
Um ano de maturidade,
Da reeleição de Obama,
Do furacão em Manhattan,
Ano que você soube o que era ser criado por vó,
E que mesmo com toda a correria,
Teve direito a uma viagem para um porto,
Não tão seguro, aos meus olhos.
Foi um ano de muitas redações e recordações.

Meu filho, espero que você lembre-se sempre,
Do discurso do seu professor de literatura,
Na sua festa de formatura,
Assim nenhum nome que foi dito, será esquecido.

Quero deixar aqui o meu recado, filho querido.
Nunca abandone o sentimento mais sublime,
O de sempre valorizar as amizades verdadeiras,
Mesmo que se passem 5,10, 15 anos ou mais,
Independente do título, se mestre ou doutor,
Que vocês continuem a ser simplesmente,
"Galego","Tonhão", "Cuca", "Uzaboy", "Ray",
"Muniz", "Balove","Gê","Cadão", "Cabeça", 
"Pipos", "Tedy", "Sueta", "Julinha", "Owal", 
Entre outros, todos tão belos amigos.

E ainda te digo o mais importante de tudo,
Não se perca de você,
Busque seus sonhos,
De um belo futuro, 
De ser um bom engenheiro,
Os seus sonhos de jovem,
Que iniciaram-se naqueles dias,
Nos dias de Santa Maria.

domingo, 4 de novembro de 2012

Nosso Lugar


A Veneza dos Alpes, Annecy, foto tirada por Mônica em agosto de 2012
Autora: Mônica Melo

As pedras que antes paralisaram-nos,
Racharam e desmoronaram,
Usamos todas elas na construção dum santuário.

Sem regras determinadas,
Distantes das fantasias e poesias,
Perto do desejo em carne viva,
Encontramos o lugar nosso,
Um mundo encantado.

Onde o querer expôs seu poder,
Em vida e liberdade,
O feitiço de marfim se desfez,
Com ávidos beijos guardados,
Suados, molhados,
Nós dois,
Seres enamorados!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Terapia e Jardim

Autora: Mônica Melo


As linhas não escritas estão subentendidas,
Nos gestos e nas profundas falas,
Como os pensamentos ungidos,
Ao pé do ouvido do terapeuta,

Em face das promessas não cumpridas,
Se ignora, grita ou apavora,
Um encontro d'alma,

Essas palavras silenciadas,
Apagam os versos e prosas,
Deixam vacilos sem sentidos,
Que quando descritos,
Somam-se numa caixa de pandora,


Verdejante olhar sobre as janelas,
Admirava as folhas secretas e molhadas,
Hoje desidratadas, abandonadas,
Foram por tantas estações cultivadas,

Como estarão as árvores do velho jardim,
De alegrias, baobás e ironias,
Figueiras jiboias e samambaias,
Enraizadas, caladas,
Fincadas num mesmo lugar, paradas.